‘Precisamos continuar incomodando’: Tempo de Mulher destaca autoconfiança feminina mesmo em meio a velhos fantasmas 6o1y31
5ª edição do evento em São Paulo, promovido pela jornalista Ana Paula Padrão, mesclou debate e descontração na medida certa 685732
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Ao som de músicas que celebram o empoderamento feminino, como Man! I feel like a woman, de Shania Twain, e Run the world (Girls), de Beyoncé, aconteceu neste sábado, 7, em São Paulo, a quinta edição do "Tempo de mulher".
O maior encontro de mulheres em cargos de liderança e de empreendedoras da América Latina, realizado em parceria com o Terra, foi promovido pela jornalista Ana Paula Padrão, que há 14 anos fundou o projeto, com o objetivo de alçar mais mulheres ao topo da carreira.
Ao longo do dia, o evento contou com dois palcos com diversos painéis de discussão e entrevistas sobre os mais diversos e atuais temas que interessam às mulheres que estão no mercado de trabalho.
Ana Paula Padrão abriu o evento, trazendo uma reflexão sobre as diferenças do que é ensinado aos homens e às mulheres desde cedo.
Segundo a jornalista, enquanto homens são ensinados a ter ambição, mulheres são instruídas a serem modestas. Na prática, espera-se que homens se coloquem sempre em primeiro lugar, mas mulheres que priorizam a si mesmas são constantemente vistas como egoístas.
"Não sou modesta. E é possível não ser modesta e ser humilde. É possível não ser modesta e também não ser arrogante, ao contrário do que dizem para a gente", afirmou Ana Paula.
As palavras de Ana Paula reforçam um valor que é sempre colocado em pauta quando o assunto é empoderamento feminino e liderança feminina no mercado de trabalho: a autoconfiança.
Apesar disso, as falas de diversas palestrantes mostram que, muitas vezes, a crença em si não vem para mulheres como algo natural, mas construído ao longo do tempo.
Isso é especialmente verdadeiro para mulheres que fogem do padrão, a exemplo da comunicadora Rita Carreira, a primeira mulher preta e plus size a estampar a capa da Vogue Brasil, em 2020.
Durante participação no evento, ela ressaltou que mulheres pretas precisam construir a própria autoconfiança, mas também entender que podem ser vulneráveis de vez em quando.
"Depois que me tornei mãe, há sete meses, entendi que posso ser vulnerável. Mulheres negras são ensinadas desde criança que precisam ser fortes", disse.
"Quando eu me machucava, me diziam: 'Olha o seu tamanho, não precisa chorar'. Estou aprendendo aos poucos que não preciso ser forte o tempo todo", acrescentou.
Autoconfiança, inclusão e saúde mental foram apenas alguns dos assuntos tratados na quinta edição do "Tempo de Mulher", que mesclou debate e descontração na medida certa.
Ao longo de dez horas de evento, as mulheres ali presentes abordaram questões importantes e, por vezes, incômodas, mas também puderam deixar as reflexões de lado em alguns momentos, enquanto degustavam um champagne ou se deitavam em macas de massagem.
A mensagem que fica é que, apesar dos avanços, as mulheres precisam continuar incomodando e ocupando espaços de poder – afinal, como dizia a escritora feminista Simone de Beauvoir, basta uma crise para que os direitos das mulheres sejam questionados. Apesar disso, é importante lembrar que essa jornada pode ser leve e não precisa ser solitária.