Nova expedição da Flotilha da Liberdade quer romper bloqueio de ajuda humanitária na Faixa de Gaza 2l25h
A Flotilha da Liberdade, uma iniciativa internacional formada por ativistas de direitos humanos que organizam expedições marítimas, iniciou uma nova expedição com o objetivo de romper o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. Apesar das ameaças israelenses, a tripulação do navio Madleen afirma estar determinada a denunciar a inação dos Estados diante da tragédia palestina. 2t6g7
A Flotilha da Liberdade, uma iniciativa internacional formada por ativistas de direitos humanos que organizam expedições marítimas, iniciou uma nova expedição com o objetivo de romper o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. Apesar das ameaças israelenses, a tripulação do navio Madleen afirma estar determinada a denunciar a inação dos Estados diante da tragédia palestina. 3f4d9
Anne Bernas, da RFI
"Se tudo correr bem, chegaremos a Gaza no domingo (8), mesmo com atraso", dizem Baptiste e Pascal, entrevistados pela RFI nesta quinta-feira (5). Os ativistas estão a bordo do Madleen, uma embarcação de 18 metros que transporta ajuda humanitária para a população de Gaza.
O barco deixou a Itália em 1º de junho e a missão, segundo os voluntários, é alertar da situação na região, onde cerca de 55 mil pessoas já morreram "e não ser cúmplice". Para eles, o bloqueio é resultado da postura de Israel e da omissão internacional. A resistência civil é a resposta, mesmo diante dos riscos.
"Sentimos medo. Drones sobrevoam a embarcação quase todas as noites desde a partida, e são capazes de lançar explosivos — o que seria catastrófico, já que estamos em um barco de madeira", relata Baptiste, médico da flotilha. "Estamos em águas internacionais. Essas ações são intimidações que nos obrigam a ativar o protocolo de alerta, com todos no convés."
Ameaças diretas de Israel w3s52
As ameaças são levadas a sério. "A Marinha está mobilizada dia e noite para proteger o espaço marítimo e as fronteiras de Israel", declarou o porta-voz das Forças Armadas israelenses, general Deffrin, no dia 3 de junho. "Estamos prontos. Não entrarei em detalhes sobre como nos preparamos, mas temos experiência e agiremos conforme necessário."
As últimas tentativas da Flotilha da Liberdade foram frustradas ou terminaram em tragédia. O movimento, iniciado em 2008 pelo Free Gaza, ganhou repercussão internacional em 2010, quando o navio Mavi Marmara, com cerca de 600 pessoas a bordo, foi abordado por comandos israelenses. Nove pessoas morreram na ação.
"Israel entendeu que essas flotilhas prejudicavam sua imagem e dificultavam a manutenção do bloqueio", afirma Claude Léostic, militante pró-Palestina e representante da flotilha na França. Desde então, ativistas aram a coordenar melhor as ações, criando oficialmente a Coalizão da Flotilha da Liberdade.
Em 2011, Claude participou da missão a bordo do barco La Dignité. "Chegamos às águas internacionais, mas fomos interceptados pela Marinha israelense ao nos aproximarmos das águas palestinas. Eles nos atacaram, tomaram o barco e nos levaram para Ashdod, onde ficamos detidos por dois ou três dias antes de sermos expulsos."
Três cenários possíveis 5kl5q
No Madleen, a tripulação se prepara para três cenários. "O menos provável, mas o mais simbólico, é chegar a Gaza e mostrar que é possível romper o bloqueio pelo mar", diz Baptiste. "O segundo é sermos interceptados pelas Forças Armadas, com maior ou menor grau de violência. O terceiro, o pior, seria um ataque aéreo, marítimo ou submarino."
Desde 2010, os ativistas enfrentam ameaças, pressões istrativas, sabotagens, ataques, abordagens forçadas, sequestros e o confisco de embarcações — que nunca são devolvidas. Ainda assim, afirmam que continuarão navegando enquanto os Estados permanecerem omissos.
Respeito ao direito internacional 4u4x5f
As ações contra a Flotilha da Liberdade ocorrem, na maioria das vezes, em águas internacionais — o que configura violações do direito marítimo. "Ninguém tem o direito de atacar outro navio em águas internacionais, a menos que seja um pirata. E é exatamente isso que eles são. Estamos diante de uma violação constante do direito internacional e do direito marítimo", afirma a representante da Flotilha da Liberdade para Gaza na França.
Os integrantes da flotilha querem alertar a comunidade internacional sobre a necessidade de pressionar Israel para que cessem as violações. Apesar de alguns países começarem a rever suas posições diante do aumento do número de mortos na Faixa de Gaza, Israel segue com sua ofensiva, classificada como genocida por diversas organizações internacionais, e ameaça retaliar Estados que reconheçam a Palestina como Estado.
"É uma cumplicidade de fato por parte da maioria dos países, especialmente os ocidentais, com a política criminosa de Israel", diz Claude Léostic, militante pró-Palestina. "Resta aos cidadãos se levantarem e dizerem: não, isso não é aceitável."
Nesta segunda expedição do ano, a Flotilha da Liberdade muda de estratégia e aposta na visibilidade para mobilizar a opinião pública global e pressionar governos. A presença da eurodeputada Rima Hassan e da ativista climática Greta Thunberg a bordo do Madleen tem o objetivo de ampliar a repercussão da tentativa de romper o bloqueio.
Para os organizadores, a segurança da tripulação depende da pressão internacional, já que a coalizão reúne representantes de cerca de 20 países de todos os continentes. A operação anterior, em 2 de maio, foi realizada discretamente para evitar sabotagens, mas terminou com um ataque de drones em águas europeias. A parte dianteira do barco foi atingida, e o motor ficou inoperante.
Determinação sem fronteiras 5w6b3k
"Esta nova Flotilha da Liberdade é uma iniciativa única em um contexto geopolítico sem precedentes", afirma Baptiste, do convés do Madleen. "Sentimos a força dos membros e dos milhares de apoiadores em terra. Estamos em um espírito combativo, determinados a seguir até o fim, mesmo sabendo dos riscos nos próximos dias." Pascal, em sua segunda expedição, completa: "É emocionante ver o aumento das ações de apoio a Gaza."
A travessia conta com o apoio de especialistas da ONU. "A população de Gaza precisa desesperadamente de ajuda humanitária para não ser aniquilada. Esta iniciativa é um esforço simbólico e poderoso para fornecer essa ajuda", afirmam em comunicado. "Israel deve lembrar que o mundo está observando e se abster de qualquer hostilidade contra a coalizão e seus ageiros."
Pascal mantém a esperança: "Podemos chegar a Gaza se a população exigir de seus governos o fim do conflito e a chegada da ajuda. Nossa chegada depende da pressão internacional, que pode garantir nossa proteção."
Não se sabe se o Madleen conseguirá romper o bloqueio. A situação se agrava desde outubro de 2023. "Estamos diante de uma tentativa não só de exterminar os palestinos, mas também de eliminar seus apoiadores", diz a representante sa da flotilha. "Israel quer garantir que o bloqueio nunca seja rompido, para continuar os massacres sem testemunhas."
Apesar disso, os defensores internacionais dos direitos humanos afirmam que não vão recuar. "Enquanto os Estados falharem, tomaremos o mar."