'Se eu saísse, tudo ia desandar': como tirar férias sem deixar o negócio parar 3k3q15
Empreendedora revela como superou o medo de se ausentar da própria empresa 231c2c
Durante cinco anos, a empreendedora Letícia Vaz não tirou um único dia de descanso. Sete dias por semana, sem pausas, sem férias, sem folgas. A rotina exaustiva, comum a tantos donos de pequenos negócios no Brasil, era alimentada por uma convicção: "Se eu sair, não vai dar certo. Se eu sair, o outro não vai fazer tão bem quanto eu. Se eu sair, isso aqui não vão saber resolver. Se eu sair, as vendas vão diminuir". 3a27i
Com mais de dez anos de experiência no empreendedorismo, Letícia hoje vê esse pensamento como um dos maiores equívocos de quem está começando. "É o erro que todos cometem no início. Você começa a crescer, contrata um ou dois funcionários, mas continua achando que só você sabe fazer tudo. Esse é o começo do fim do seu negócio", afirma em seu podcast LVTALKS.
A virada veio quando decidiu fazer o que chama de "pequenas saídas". Em uma delas, ou uma semana conhecendo cidades históricas de Minas Gerais. "Eu voltei tão energizada para trabalhar, que nem se a loja tivesse ido de 100 para 0, eu faria 100. Eu faria 150, 200", diz. Foi fora do expediente, inclusive, que teve algumas das melhores ideias da carreira.
Hoje, Letícia tira férias em junho e durante as comemorações de fim de ano, com planejamento e estrutura para que o negócio siga funcionando na sua ausência. Segundo ela, o segredo está na organização e no desenho de processos bem definidos, que envolvem desde a contratação de pessoas alinhadas à cultura da empresa até a criação de fluxos operacionais claros.
"Se a pessoa que está trabalhando com você não está alinhada com a cultura da empresa, vai ser muito difícil ela conseguir trazer resultados legais para o seu negócio", explica. E completa: "De que adianta você ter funcionários se a maior parte das atividades que seriam designadas para eles, no final do dia, você está fazendo?".
Letícia defende que o empreendedor precisa entender seus próprios limites para não impedir o crescimento da empresa. "Você tem 24h e é uma pessoa só. Dá conta de certas coisas. Outras, você não é bom, não tem tempo ou não consegue fazer", resume.
Uma das soluções que ela implementou foi o uso de organogramas, para que cada colaborador saiba a quem se reportar, e fluxogramas, que mostram como os setores se relacionam entre si. Além disso, a definição de um planejamento anual ajuda a identificar, com antecedência, os melhores períodos para pausas. "A vida é uma só. E hoje, entendo que existem outras coisas que são muito importantes", conclui.
